Não é recomendado confiar na raposa para fazer a segurança do galinheiro. Galinhas são o prato preferido das raposas. A dificuldade de resistir a uma penosa vai além, do controle da raposa. Da mesma forma, não é adequado amarrar cachorro com linguiça. O risco é infinito do cachorro se soltar e de não sobrar uma galinha para contar a estória. Ouvi como proposta de um presidenciável, a fusão do Ministério do Meio Ambiente com o da Agricultura. Não se iludam com as justificativas, meus amigos leitores. A proposta não é para enxugar a máquina pública. É nitidamente para matar por asfixia, o cambaleante Ministério do Meio Ambiente. É ignorar leis já descumpridas e flexibilizar ainda mais as regras de licenciamento e a fiscalização insuficiente.
A fusão tem como único objetivo, enfraquecer os cuidados com o meio ambiente. É uma nítida orquestração da bancada do veneno e dos grandes fabricantes de agrotóxicos que dominam e controlam uma produção que devasta a nossa saúde e o ambiente. Relembro a grande mobilização, ainda em 2018, para flexibilizar a liberação de agrotóxicos no Brasil, excluindo a Vigilância Sanitária do processo, delegando poderes exclusivos ao Ministério da Agricultura. A intenção é uma só - envenenar o país com acenos falsos de aumento do número de empregos, recuperação da economia e mais comida na mesa dos brasileiros. Os resultados, até então, mostram que o saldo é exatamente o contrário, destruição da biodiversidade, desmatamento, morte das nascentes, poluição das águas e do ar, degradação do solo, aumento dos casos de câncer e outras doenças.
O meio ambiente é nosso maior patrimônio. Sem água, ar e solo saudáveis não há vida, não sobrevivemos. A saúde ambiental está diretamente associada à saúde das populações. As doenças decorrentes dos equívocos ambientais são responsáveis pelo inchaço do sistema de saúde e pelas aposentadorias precoces resultantes do envenenamento contínuo pelo uso de grandes quantidade de agrotóxicos. Estamos cada vez mais na contramão das tendências internacionais - preservar e conservar o meio ambiente garantem o desenvolvimento e a vida. Estamos retrocedendo ao período do lucro a qualquer custo, ou seja, alguns ganham em troca do sacrifício de muitos. Esta é a lógica de uma economia linear e devastadora que justifica o crescimento pelo volume de dinheiro, em detrimento dos aspectos ambientais e sociais. Um modelo que acirra as desigualdades, desconsidera o equilíbrio e a visão sistêmica do meio ambiente. É imoral e antiético.
O Ministério do Veneno (denominação minha), resultante da fusão dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, é um retrocesso equivalente a delegar à raposa a segurança do galinheiro e o cuidado com as galinhas. É o total desconhecimento e desconsideração do significado de sustentabilidade - atender as necessidades das gerações presentes sem comprometer as gerações futuras.